18.5.10

Parto sem dor

Este governo está a aproximar-se do fim. Está em processo de deterioração. Basta ouvir o ministro das finanças ou o ministro da economia falarem para percebermos que estamos perante cadáveres políticos. Esta crise é um presente envenenado. O PEC é um remédio que matará quem o administra. Passos Coelho e o PSD já perceberam isso. Mas querem poupar o moribundo, não vá precisarem dele para a engorda. Daí a aproximação, o elogio envergonhado e, mais ou menos, escondido, a recusa da censura. Os partidos do centro descobriram a pólvora quando perceberam que já não se ganham eleições. Só se perdem. Para a coisa correr bem não pode ser o partido da oposição a ganhar eleições. Isso poderia criar uma dinâmica suficientemente forte para exigir reformas e mudanças profundas. Tem de ser o partido do governo a perdê-las. Para que tudo possa continuar na mesma. Com pequenas variantes. Passos Coelho sabe isso perfeitamente. E apesar de ser um populista, é-o no género controlado. Era o que o PSD precisava. Um demagogo barato com um ar mais sério do que Sócrates. E igualmente um rapaz jeitoso. Com gravatas mais coloridas. Tem futuro. Mas tem que ser um futuro muito lento. Já começa a impor a sua lógica na governação socrática. Provavelmente nem daremos pela substituição. Um dia fecharemos os olhos por breves momentos e quando os abrirmos já lá estará um em vez do outro. Quase nem se dá pela diferença. Já está. É um lindo menino.

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